[EcoDebate] Nossos assuntos em defesa do meio ambiente geralmente versam sobre a Terra, o todo, o planeta. Hoje, o foco de nossa conversa vai ser a terra, fração daquela mesma Terra, substância que em grande parte cobre a superfície dos continentes. É muito comum e conhecida de quase todos. Talvez por isso não se lhe dão a importante atenção que merece. Merece porque é o sustentáculo do habitat, no qual reina direta ou indiretamente, de toda a vida que conhecemos.
Partimos do princípio de que não existe milagre. Tudo que existe é efeito de alguma causa. Pois bem, façamos um exercício mental. Imaginemos que em um terreno de 1m² plantamos um grão de milho. Após, ocorrem alguns fatos notáveis, verdadeiros milagres da Natureza. A planta ali nascida suga do solo parte dos elementos químicos de que necessita para manter a vida. Do ar, retira outros que, em combinação com a energia solar, lhe dão condições de transformá-los em tecido ou estrutura preparatória para a reprodução, objetivo de sua existência. Produzidas suas espigas, são elas arrancadas e comidas por um homem, sobrando naturalmente toda a estrutura esquelética.
Irregularidades ambientais e fundiárias são desconsideradas na compra de matéria-prima por usinas no MT. Normas do Selo Combustível Social também não são totalmente cumpridas em assentamentos de reforma agrária
Por Verena Glass, do Centro de Monitoramento dos Agrocombustíveis
Tabaporã (MT) – Das 48 usinas de biodiesel em funcionamento, 42 utilizam a soja como principal matéria-prima. Destas, 26 possuem o Selo Combustível Social, concedido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O selo do governo federal garante incentivos fiscais e garantia de participação no leilão de biodiesel da Agência Nacional do Petróleo (ANP) às usinas em troca da compra de produção oriunda da agricultura familiar.
Enquanto o setor sucroalcooleiro que gera o etanol tem sido pressionado cada vez mais a adotar medidas de responsabilidade social e ambiental em sua cadeia produtiva, a produção de biodiesel a partir da soja ainda carece de instrumentos de controles socioambientais.
* Ministra do Meio Ambiente diz que aumento de área plantada não será feito com desmatamento, mas aproveitando áreas já degradadas *
O Programa Nacional de Óleo de Palma, lançado ontem (6) em Tomé Açú, no Pará, quer tornar o país o maior produtor mundial desse vegetal nos próximos anos, garantindo o suprimento de combustível renovável.
O programa prevê a ampliação da área destinada à plantação do vegetal para a produção de combustíveis a partir de energias renováveis. O óleo de Palma também é conhecido como dendê. O projeto, que visa aumentar a produção para 130 mil hectares até 2014, vai ser aplicado em 44 municípios das regiões Norte e Nordeste.
Soja. Foto: Embrapa
Segundo documento da ONG Repórter Brasil sobre impactos da soja na safra 2009/2010, critérios de sustentabilidade enfrentam resistência dos produtores
A ONG Repórter Brasil acaba de lançar o relatório Os impactos da soja na safra 2009/10, produzido pelo Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA). O documento analisa aspectos da produção da cultura em regiões onde está consolidada, como o Mato Grosso, e onde acaba de despontar, como o Oeste baiano. Também avalia a relação de usinas de biodiesel com a cadeia produtiva do grão, e as tendências dos critérios de sustentabilidade, apontando alguns dos problemas que ain da são latentes no setor.
O monopólio da terra segue como tema central diante do avanço do capital sobre recursos estratégicos em todo o mundo. Nesse contexto, a produção de agocombustíveis cumpre o papel de justificar este processo, a pretexto de servir como suposta alternativa para a crise climática. Porém, quando falamos sobre mudanças climáticas, estamos realmente nos referindo a mudanças no uso do solo, com a expansão dos monocultivos, da mineração, das grandes barragens, e outros projetos de controle de recursos energéticos, que estão na raiz da crise climática.
No Brasil, os velhos usineiros, agora travestidos de empresários “modernos”, em conseqüência da propaganda sobre as supostas vantagens do etanol, intensificam suas campanhas internacionais para vender o produto. Recentemente, ganharam um reforço especial, com o anúncio do governo sobre acordos trabalhistas e de zoneamento ambiental. Porém, um breve relato sobre as atuais tendências do setor é suficiente para mostrar que estas são apenas medidas de fachada.
[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Os agricultores africanos estão sob risco de serem forçados a deixar suas terras por pressão de investidores ou projetos do governamentais que ‘estimulam’ mudanças na cultura do cultivo, visando o atendimento da demanda global por biocombustíveis
Pesquisa [Biofuels, food security and Africa] da Universidade de Edimburgo identificou que os meios de subsistência podem ser colocados em risco se as terras ferteis africanas, atualmente destinadas à agricultura de subsistência ou de atendimento à demanda local por alimentos, for convertida para o cultivo de biocombustíveis.
Biodiesel pode gerar quatro vezes mais emissões que diesel normal - Estudo controverso da União Europeia revela impacto inesperado de energias renováveis; metodologia é questionada
Alguns tipos de biocombustíveis, como o biodiesel feito do grão da soja, podem gerar quatro vezes mais emissões de gases de efeito estufa do que o diesel convencional ou a gasolina, de acordo com um documento realizado pela União Europeia.
O bloco europeu estabeleceu uma meta de obter 10% do seu combustível para veículos de fontes renováveis, principalmente biocombustíveis, até o final desta década. Mas agora a Europa começa a se preocupar com os impactos ambientais inesperados.
Quatro grandes estudos estão em andamento. E o maior temor é de que a produção de biocombustível absorva grãos dos mercados globais de commodity, forçando o preço dos alimentos a subir e encorajando agricultores a desmatar áreas de floresta tropical em busca de novas terras de plantio. Reportagem da Agência Reuters.
- Gigantes do etanol
- Próximo desafio: criar mercado para o etanol
- Questões sociais, econômicas e ambientais não calam
Outra frente de produção energética vai ganhando fôlego. O ano de 2010 começou bem – na verdade otimamente bem – para o setor dos agrocombustíveis brasileiros, apesar de amargar um começo de ano com quebra de safra da cana-de-açúcar – quatro bilhões de litros de etanol a menos.
A notícia veio no começo de fevereiro e dos Estados Unidos. Lá, a Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA) classificou o etanol feito de cana-de-açúcar como um combustível avançado, que reduz a emissão de dióxido de carbono (CO2) em 61% comparado à gasolina.
A aprovação foi recebida com foguetes – e enormes expectativas de expansão e lucros – pelo setor no Brasil, pois a decisão abre um fantástico mercado para o biocombustível brasileiro nos Estados Unidos. Mercado maior que o brasileiro pode suprir no momento.
O Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis da ONG Repórter Brasil acaba de lançar o diagnóstico socioambiental da safra da cana de 2009. O relatório ‘O Brasil dos Agrocombustíveis – Cana 2009′ analisa a conjuntura do setor sucroalcooleiro no último ano, marcado pela internacionalização do comando das usinas após a crise de 2008.
O relatório também apresenta dados e estudos de caso sobre impactos trabalhistas, sociais, ambientais e em populações indígenas ocorridos ao longo da última safra. Traz ainda uma análise sobre as deficiências de duas iniciativas do governo federal para ajustar socioambientalmente o setor: o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar e o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar.
Para ler mais informações, acesse aqui.
O Brasil dos Agrocombustíveis – Cana 2009
Por Verena Glass, do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis, Reporter Brasil, para o EcoDebate, 03/03/2010
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fevereiro 28, 2010
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Fabricados a partir de resíduos agrícolas, os biocombustíveis de segunda geração podem ser uma alternativa ambientalmente viável para o desenvolvimento econômico de países pobres, de acordo com especialistas em energia.
A produção de combustíveis a partir de milho, trigo, colza e azeite de dendê é cara e contribui relativamente pouco para a proteção do clima, além de impulsionar o aumento dos preços dos alimentos, segundo um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado em 2008.
Mas que alternativas existem? O apetite global por energia vem crescendo, afirma Didier Houssin, diretor de Mercados Energéticos e Segurança da Agência Internacional de Energia (AIE).
Um grupo de vendedores salvadorenhos protestou, durante a visita ao país do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contra a possível instalação de uma usina de biocombustíveis em El Salvador com apoio brasileiro.
Dezenas de manifestantes percorreram várias ruas do centro da capital gritando palavras de ordem contra a eventual obra e se concentraram pacificamente na emblemática praça do Salvador do Mundo.
“Decidimos fazer esta ação de protesto no marco da assinatura de cinco convênios por parte do Governo do Brasil e do Governo de El Salvador (…) com o objetivo de dizer não à instalação de uma fábrica processadora de biocombustíveis”, declarou a jornalistas Rodolfo Pereira, porta-voz dos manifestantes. Reportagem da Agência EFE.
Um alto funcionário da agricultura europeu sugeriu que os estudos que ainda serão divulgados pela Comissão Europeia poderiam ser usados para “acabar” com os biocombustíveis, que foram fortemente incentivados e subsidiados, por levarem em conta seu impacto ambiental total.
A sugestão, escrita nas margens de uma correspondência interna que foi vista pelo “The International Herald Tribune”, poderia pressagiar um recuo ainda maior das políticas a favor dos biocombustíveis, que já foram considerados cruciais pela Comissão Europeia na luta contra a mudança climática.
O setor já foi perseguido por argumentos de que a principal justificativa para as políticas que apoiam os biocombustíveis – de que eles oferecem menos impacto que os produtos fósseis – é equivocada. Muitos defensores do meio ambiente sustentam que um grande número de combustíveis derivados de plantações não merecem subsídios públicos ou incentivos à produção.Reportagem de James Kanter, The New York Times.
Unidade de produção de algas na Flórida, EUA. Foto: PetroAlgae
[EcoDebate] Com muitas empresas investindo pesadamente em biocombustíveis à base de algas, pesquisadores da Universidade da Virgínia, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, descobriram que há importantes obstáculos a superar antes do massificar a produção deste tipo de combustível. Eles propõem a utilização de águas residuais, como uma solução para alguns desses desafios.
A pesquisa [Environmental Life Cycle Comparison of Algae to Other Bioenergy Feedstocks], publicada na revista Environmental Science & Technology, demonstra que a produção de algas consome mais energia, tem maiores níveis de emissões de gases com efeito de estufa e utiliza mais água do que outras fontes de biocombustível, como a switchgrass, canola e milho.
Mais de 400 famílias de pequenos agricultores estão ameaçadas de expulsão das suas terras para dar lugar à monocultura da cana. A área das comunidades dos Baixões, município de Barra – BA, está sendo dividida pela empresa mineira Caossete, intermediária dos herdeiros da fazenda Boqueirão, na venda da terra a um grupo estrangeiro. A empresa alega reconhecer as posses das famílias e vem concedendo escrituras de áreas muito inferiores àquelas tradicionalmente utilizadas por elas. As escrituras destas áreas estão sendo lavradas num cartório de Sete Lagoas – MG e segundo os advogados da Caossete, “só poderão ser registradas depois de cinco anos”. Assista ao vídeo aqui.
A região em conflito abriga um grupo de 10 comunidades, que vivem em regime conhecido por “fundo de pasto”, pelo qual os agricultores, há dezenas e até centenas de anos, usam coletivamente a terra, principalmente para pastagens de animais. A área é propícia para o cultivo de diversas lavouras como milho, feijão, mandioca, arroz, abóbora, melancia e abriga uma ampla área de matas preservadas, onde também pastejam as criações de bovinos, caprinos e ovinos. Segundo relatos dos moradores, as comunidades mais antigas remontam ao século XIX e outras mais novas foram formadas a partir do ano de 1935.
O Brasil, que atualmente produz etanol basicamente a partir da cana-de-açúcar, poderá contar, no futuro, com novas possibilidades para produção do combustível. A Embrapa Cerrados – unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, localizada em Planaltina (DF) – coordenará a partir deste ano pesquisas para avaliar fontes de biomassa que podem ser usadas para produzir o chamado etanol de segunda geração.
Para isso, o projeto vai avaliar o uso de gramíneas forrageiras (usadas na alimentação animal), sorgo, o bagaço e a palhada da cana e algumas espécies de árvores (pinus, eucalipto e duas espécies da Amazônia: tachi-branco e paricá), como fontes alternativas de biomassa para produção de etanol.
Plantação de mamona. Foto do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis – Repórter Brasil
[EcoDebate] No princípio era biodiesel.
A mamona veio para o Piauí pela mão do Presidente Lulla. O zelo para trazer o grandioso projeto era tanto que parecia coisa de família. Um amigo pessoal, Daniel Birmann, foi o escolhido para por em prática o fenomenal projeto que mudaria as feições do Brasil – produzir azeite de mamona com o objetivo de botar carro pra rodar no Brasil.
O Piauí foi o escolhido para a famigerada experiência. O Governador WD do mesmo partido e amigo íntimo de Lulla ofereceria as melhores condições para a implantação do empreendimento. Foram doadas 40 mil hectares de terras e isenções de todos os tributos estaduais.
Uso de etanol para gerar energia elétrica reduz emissões poluentes na atmosfera.
A Usina Termelétrica Juiz de Fora (UTE JF) será a primeira do mundo a gerar energia elétrica a partir do etanol, a primeira a usar combustível renovável para geração de energia e a primeira unidade flex-fuel (bicombustível). Uma solenidade ontem (19) em Juiz de Fora (MG), promovida pela Petrobras, marca a mudança.
A unidade está operando, em fase de testes, com o etanol desde o último dia 31 de dezembro e terá capacidade instalada de 87 megawatss (MW). A solenidade contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli.
O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) está desenvolvendo, em parceria com a montadora Fiat, um projeto na área de biocombustíveis para transformar motores a diesel em motores que conseguem trabalhar diretamente com óleo vegetal virgem.
Segundo revelou à Agência Brasil o presidente do Inmetro, João Jornada, “não precisa fazer o biodiesel. O sujeito pode ir lá no meio do mato pegar os grãos que ele tem, como a soja, espremer, filtrar e já usar no motor dele”.
Foto: cyanobacterium elongatus Synechoccus geneticamente modificada. Fonte UCLA
[EcoDebate] A ameaça crescente das mudanças climáticas tem motivado cada vez mais pesquisas para redução das emissões, captura e armazenagem de CO2. Reduzir e retirar CO2 da atmosfera tem sido a pauta básica das discussões políticas internacionais e na mesma medida também nas universidades.
Em uma nova abordagem, pesquisadores da UCLA Henry Samueli School of Engineering and Applied Science modificaram geneticamente uma cianobactéria de forma que ela consumisse dióxido de carbono e produzisse isobutanol, combustível líquido, que detém um grande potencial como combustível alternativo à gasolina. A energia usada na reação é obtida diretamente da luz solar, através da fotossíntese. A pesquisa [Direct photosynthetic recycling of carbon dioxide to isobutyraldehyde] foi publicada na revista “Nature Biotechnology”.
Óleos vegetais de mamona e pinhão manso são bons para o biodiesel, mas a glicerina resultante do aumento da produção pode causar diarreia em humanos e animais. A diarreia é a segunda doença que mais mata crianças no mundo. Preocupado com o problema, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), de Campinas (SP), realizou um seminário em novembro, com o tema “Biodiesel e coprodutos”. Das nove palestras programadas, três trataram diretamente da glicerina. Cinco pôsteres também revelaram preocupações e alternativas para o uso do subproduto. O evento reuniu representantes do governo federal, pesquisadores e profissionais da cadeia biodiesel. Reportagem de Nivaldo Amstalden, da ComCiência*.
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